Tudo geralmente começa com resfriado, obstrução nasal, coriza e tosse. Pode haver febre ou não. É a bronquiolite, doença deflagrada por vírus que acomete os bronquíolos.

“Trata-se de uma inflamação aguda dos bronquíolos terminais, ou seja, das ramificações mais finas que conduzem o ar para dentro dos pulmões”, explica pediatra Milena de Paulis, do Hospital Israelita Albert Einstein.

O principal causador do problema é o vírus sincicial respiratório, conhecido pela sigla VSR. Esse vírus está mais presente quando a temperatura cai.

“A circulação dos vírus respiratórios e a sua capacidade de provocar doenças é maior no inverno porque, nessa época, há uma tendência de aglomeração em ambientes fechados, o que facilita sua disseminação”, explica a especialista.

Entre o terceiro e o quinto dia, se o sistema imunológico não for eficiente para eliminar o vírus do nariz, ele atinge os pulmões e causa inflamação nos bronquíolos. Daí ocorre um aumento da produção de secreção nas vias aéreas que dificulta a entrada e a saída do ar, causando o chiado e o cansaço para respirar.

Em alguns casos mais graves, o apetite diminui, pode-se ter desidratação, sonolência e reduz-se a oxigenação do sangue.

Crianças abaixo de 2 anos são as mais afetadas pelo problema. Elas têm maior risco de desenvolver bronquiolite pela falta de imunidade contra os vírus.

“É nessa fase que ocorrem a exposição aos agentes infecciosos para formar a defesa do organismo contra infecções futuras”, diz Milena de Paulis.

Além disso, nessa faixa etária, as vias aéreas têm calibre menor. “A inflamação dos bronquíolos provoca estreitamento ainda maior, o que aumenta a resistência para o ar entrar e sair dos pulmões e, consequentemente, o esforço respiratório”, descreve a pediatra.

Segundo ela, os músculos respiratórios dos pequenos cansam mais facilmente porque gastam muita energia. Isso contribui para o surgimento da fadiga para respirar. “Todas estas características são mais exacerbadas nas crianças menores de três meses de idade, o que favorece uma evolução mais grave”, revela a especialista.

O tratamento

“Como todo quadro viral, não existe um remédio específico para a bronquiolite”, diz a pediatra. “A melhora depende da resposta imunológica da criança para eliminar o vírus.”

Nos quadros mais leves algumas medidas ajudam no alívio dos sintomas:

  • inalação com soro fisiológico para fluidificar as secreções e ajudar a desobstruir os bronquíolos
  • lavagem nasal com soro fisiológico
  • hidratar bastante a criança, oferecendo água ou seio materno regularmente
  • insistir na alimentação

Nos casos moderados, onde o cansaço está presente, muitas vezes existe a necessidade de internação para oferecer oxigênio e, quando há maior gravidade, internação em UTI para utilização de aparelhos para atenuar o cansaço e melhorar a oxigenação.

Prevenção

A transmissão dos vírus ocorre pelo ar ou por contato através das mãos ou objetos contaminados por secreção que contenha o microrganismo.

“Em especial, no caso do VSR, lavar as mãos ou aplicar álcool gel é indispensável”, aconselha a pediatra. Outras orientações para que o problema não se dissemine. Evite:

  • ambientes fechados e aglomerados
  • contato com crianças menores de 3 meses de idade e, nesta idade, viagens longas, passeios em shoppings ou frequentar eventos sociais
  • por fim, não permita que o pequeno com febre e resfriado vá para a creche, escola ou festas infantis

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